quarta-feira, 28 de abril de 2010

prólogo

prólogo

Em mim, uma felicidade desapontada caminhava em busca de algo que lhe fizesse sentir a si. Tudo estranho na cidade do meu coração. Um peito de repente despovoado. Uma grande fuga se sucedeu ali, no mundo onde me tornei um Deus solitário sem saber tratar a natureza desses sentimentos forasteiros que residem em minha existência. Guerra declarada da dor, capitã daquela nau de anseios perdidos, versus uma felicidade atrevida por afrontar a amargura sem esquadrão para vencer aquela poderosa agonia que domava meu íntimo. Eu, durante meu cotidiano apenas assistia enxovalhado na cama pela angustia, sem saber como amparar aquilo que era só meu.

caio sóh

segunda-feira, 26 de abril de 2010

cobra mal-criada (trecho peça caio sóh)

Hoje acalmo o nada em minhas mãos
Esperança de aconchegar meu bruto ontem em um berço de um hoje brando
O futuro vem esquivado de mim como cobra presentemente teme se sustentar de maça
Não lembro o acordo que fiz com Deus. O Diabo para mim nem brotou:
Sobra-me a invisível abocanhada do acaso.
Meus dons flutuam no riacho que desaba no canto de qualquer oceano que teme sua profundeza.
Nada sei, nada tenho, nada quero... nado no nada e no nada nada me afoga nem afaga
Do distrito do meu peito, sons ensurdecedores dos vândalos que despertam as dores; sortuda surda paz não surta.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Unidade

Dai-nos, Senhor, a unidade das coisas
O voar e o pousar juntos
O fazer das formigas
O andar dos grãos

Fazei-nos ser com os seres
O bem que em tudo dá
Dai-nos as cores das rosas
E os amores por elas

Da força nascente dos frutos
Nasçamos!

Misturai-nos, curai-nos
No mercúrio e no bálsamo
No valsar do vento
Espalhai-nos com as folhas

Chovamos juntos
Sobre o quentume da terra
Ervas, perfumes, sementes, humo
Sejamos!


Luis Kiari